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Artigos

Nesta seção, apresentamos artigos científicos produzidos por pesquisadores(as) do HGEL.

VIEIRA, F. E.; FARACO, C. A. Modelos sintáticos na gramaticografia ocidental: dos casos às funções. Alfa: Revista de Linguística, São José do Rio Preto, SP, v. 69, p. 1-31, 2025.

O artigo investiga, ao longo da história da sintaxe, movimentos retóricos e descritivos que levaram a gramaticografia ocidental da análise baseada nos casos latinos à análise baseada em funções sintáticas. Os resultados indicam que a ambivalência da categoria “caso”, compreendida como fenômeno tanto flexional quanto lógico-semântico desde Nebrija (1492), só foi finalmente resolvida pela gramaticografia francesa de meados do século 18. O estudo abre um percurso investigativo relevante: explorar as repercussões da mudança de modelos sintáticos dos casos às funções na continuidade da gramaticografia ocidental, sobretudo de língua portuguesa.

FARACO, C. A. As origens da gramática do português: uma abordagem historiográfico-crítica. Working Papers em Linguística, Florianópolis, v. 26: História do português brasileiro: uma homenagem ao professor Ataliba de Castilho, p. 10-35, 2025.

Este texto é uma reflexão crítica sobre as origens da gramática do português, em especial sobre a crença de que a gramática tradicional padroniza os usos, tendo como referência os textos literários. Busca-se mostrar que é uma crença que, em geral, não corresponde à realidade, na medida em que, nas obras gramaticais tradicionais, predominam (quando não são únicos) os dados criados pelo próprio autor. Não há, em nenhuma delas, um corpus literário do qual se parte para as suas asserções e regras. Depois de um breve histórico da constituição da gramática tradicional, analisa-se, especificamente, as origens da gramática do português, mostrando que ela se fez, efetivamente, pela transposição da doutrina consolidada na tradição gramatical latina e pela acomodação nela da língua vernácula. A fonte da normatividade não foi propriamente o uso como tal, mas o que já estava dito nas gramáticas latinas.

BATISTA, L. de O; VIEIRA, F. E. Conhecimentos linguísticos explorados em provas de concursos públicos: conteúdos e níveis de análise privilegiados. Letras, Santa Maria, v. 34, n. 1, p. 1-15, e89179, Edição Especial, 2025.

Os autores analisam os conteúdos e os níveis de análise linguístico-gramatical privilegiados em provas de concursos públicos nacionais. O corpus é constituído por programas de estudo e por questões objetivas de certames realizados no intervalo de dez anos (2010-2019). Os resultados atestam uma maior recorrência de conteúdos que privilegiam a abordagem de aspectos morfossintáticos da língua numa dimensão predominantemente normativa, seguidos da exploração, embora em menor proporção, de aspectos semânticos e textuais.

MESQUITA, F. A.; VIEIRA, F. E. Procedimentos metodológicos para a construção de epi-historiografias: o caso "Pires Ferreira" (1868-1930). Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 19, p. 1-36, 2025.

O artigo sistematiza alguns procedimentos metodológicos possíveis para a construção de “epi-historiografias” (Swiggers, 2010), atividades que resultam em materiais documentais selecionados, organizados e descritos pelo historiógrafos da Linguística em apoio às suas práticas interpretativas. Os procedimentos apresentados podem ser replicados ou adaptadas por outros pesquisadores no processo de constituição e exploração de epi-historiografias. O artigo traz exemplos concretos de caminhos percorridos por pesquisas historiográficas com o intuito de trazer à cena aberta os bastidores que precedem a escrita da história do conhecimento linguístico.

MESQUITA, F. A.; VIEIRA, F. E. Diretrizes teórico-metodológicas para a realização de pesquisas em historiografia da gramaticografia. Confluência, Rio de Janeiro, n. 68, p. 37-80, jan.-jun. 2025.

O artigo desenvolve algumas diretrizes teórico-metodológicas que podem fundamentar diferentes pesquisas envolvendo gramaticografia, domínio de ação metalinguística, descritiva e normativa dos gramáticos. A natureza do artigo é meta-historiográfica, no sentido de promover uma reflexão crítica e sistematizada sobre as práticas de pesquisa em Historiografia da Linguística, com ênfase em seus aspectos teóricos ou metodológicos. Argumenta-se que os estudos no campo da historiografia da gramaticografia são relevantes por traçar narrativas que reconstroem relações de (des)continuidades entre diferentes formas de abordagem de questões gramaticais, o que pode ajudar pesquisadores e professores de língua a terem uma compreensão crítica e historicamente situada da constituição desses conhecimentos como objeto de investigação e ensino.

VIEIRA, F. E. Ferramentas analíticas para uma historiografia dos modelos sintáticos: rede taxonômica e glossário de metatermos da Grammatica da lingua Portugue∫a (1540), de João de Barros. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 32, n. 3, p. 762-803, 2024.

Este artigo apresenta duas ferramentas para análise de modelos sintáticos na história da gramaticografia ocidental: a rede taxonômica e seu glossário de metatermos. Essas ferramentas são utilizadas na sistematização do modelo sintático contido na gramática de João de Barros (1540). A rede taxonômica registra graficamente e exemplifica as relações formais e lógicas entre os metatermos que estruturam um modelo sintático, capturando sua macro-organização e revelando detalhes terminográficos. Já o glossário de metatermos permite ao leitor do presente um entendimento mais aprofundado de um modelo sintático do passado, bem como o acompanhamento das transformações das relações entre termos e conceitos.

SWIGGERS, P. A escrita da história da linguística: uma nota metodológica. Trad. de F. A. Mesquita; M. Maris; F. E. Vieira. Revista Letras, Curitiba, n. 110, p. 189-198, jul./dez. 2024.

Tradução do artigo “The History Writing of Linguistics: A Methodological Note”, de Pierre Swiggers (1981). Nesse texto seminal, o autor apresenta, de forma pioneira, uma abordagem para a escrita da história do pensamento linguístico em termos de programas de investigação: de correspondência, descritivista, sociocultural e de projeção. A versão original em inglês foi revisada, corrigida e atualizada pelo autor. A esta tradução, realizada por membros do HGEL, Swiggers acrescentou um postscriptum.

FERREIRA, E. G. de M. O ensino de língua portuguesa em gramáticas brasileiras oitocentistas. Cadernos de Pós-Graduação em Letras, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 131‑148, 2024.

O artigo reflete sobre a gramaticografia brasileira oitocentista e sua relação com o ensino de língua portuguesa, a partir de uma perspectiva historiográfica (Koerner, 2014a, 2014b; Swiggers, 2013, 2019, 2020). Primeiramente, apresenta-se um breve panorama da atmosfera intelectual do século 19 na qual se inscreve a produção gramatical brasileira do português. Em seguida, analisam-se questões sobre o ensino de língua portuguesa que atravessam as gramáticas de Beserra (1861), Villeroy (1870), Pacheco e Lameira (1887) e Ribeiro (1889), com foco nos paratextos dessas gramáticas, na biobibliografia dos autores e em sua autopercepção refletida nas obras.

MESQUITA, F. A. O componente didático da Grammatica portugueza: 1º anno para uso dos cursos primários (1932 [1905]), de Julio Pires Ferreira (1868-1930). Cadernos de Pós-Graduação em Letras, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 82‑99, 2024.

Este artigo analisa o componente didático da "Grammatica portugueza: 1º anno para uso dos cursos primarios", de autoria do professor e gramático Julio Pires Ferreira, publicada pela primeira vez em 1905 e adotada em escolas do estado de Pernambuco nas cinco primeiras décadas do século 20. Os movimentos analíticos estão ancorados no aporte teórico-metodológico da Historiografia da Linguística, nos termos de Swiggers (2012, 2019), Koerner (2014) e Altman (2012). Os resultados apontam que a obra apresenta caráter preponderantemente prático, com definições simplificadas e concisas e com a inserção de exercícios que, em sua maioria, abordavam conhecimentos relacionados à análise metalinguística e à norma-padrão.

MESQUITA, F. A.; VIEIRA, F. E. As propostas de ensino de português nas Notas sobre a Lingua Portugueza, de Julio Pires Ferreira (1868-1930). Revista Linguasagem, São Carlos, v. 45, n. 1, p. 38-62, 2024.

Publicado no número temático “Historiografia Linguística” (Linguasagem, v. 45, n. 1, 2024), este artigo analisa as propostas de ensino de português que podem ser identificadas nas duas edições das ‘Notas sobre a Lingua Portugueza’, de Julio Pires Ferreira (1868-1930), obra destinada ao uso escolar dos cursos secundários de Recife (PE), no final do século 19 e início do século 20. Entre outros pontos, a análise revela que, na reedição da obra de Pires Ferreira, a reivindicação inicial de escolarização dos estudos em linguística histórico-comparativa é substituída pela reprodução dos conteúdos gramaticais tradicionalmente previstos nos programas de ensino e nas gramáticas de feição prática.

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