Capítulos de livros
Nesta seção, apresentamos capítulos de livros escritos por pesquisadores(as) do HGEL.

FARACO, C. A. As relações galego/português pelo olhar dos filólogos brasileiros. In: ABRAÇADO, J.; LAGARES, X. C. (orgs.). O galego e o português: o passado presente. São Paulo: Parábola Editorial, 2023. p. 27-37.
O texto busca registrar e comentar o que filólogos brasileiros disseram a propósito da relação histórica do galego com o português. Formula-se uma explicação para os malabarismos expositivos a que esses filólogos tiveram de recorrer, muitas vezes, para manter o português em posição de destaque frente ao galego, estipulando, inclusive, uma origem histórica quase autônoma para o português. Faz-se uma visita às principais gramáticas históricas escritas no Brasil. O espectro de fontes vai da primeira dessas gramáticas, escrita por Pacheco da Silva Jr. e publicada em 1878, até o trabalho de Silveira Bueno, "A formação histórica da língua portuguesa", publicado em 1954.

LIMA, F. R. S.; VIEIRA, F. E. Teorias linguísticas e ensino de gramática. In: ESVAEL, E. V. da S.; PEDROSA, J. L. R. (orgs.). Linguística e ensino: ensaios, relatos e propostas para sala de aula. João Pessoa: Editora UFPB, 2022. p. 16-38.
Este ensaio apresenta algumas diretrizes de quatro empreendimentos epistemológicos da linguística contemporânea – estruturalismo, gerativismo, funcionalismo e sociolinguística – e as relaciona ao ensino de gramática na Educação Básica. Diferentes teorias, embora tratem o objeto língua a partir de pontos de vista distintos, podem ser acionadas diante da necessidade de uma ampla e efetiva compreensão dos fenômenos da linguagem no ambiente pedagógico. Por mais que haja uma tradição de pesquisa predileta conduzindo nossa prática em sala de aula, o olhar teórico diversificado favorece uma abordagem pedagógica mais consistente dos fenômenos da linguagem.

FARACO, C. A. Pedagogia da Variação Linguística: desafios e paradoxos. In: BRANDÃO-SILVA, F.; ROMUALDO, E. C.; PEREIRA, H. B. (orgs.). Da Variação Linguística à “Pedagogia da Variação”: descrição e ensino de português. São Carlos: Pedro & João Editores, 2022. p. 51-66.
A questão da variação linguística, embora seja constitutiva do modo como a linguística pensa a realidade da linguagem, ainda não alcançou positivamente o senso comum. Isso tem inúmeras consequências para o encaminhamento de práticas pedagógicas sociolinguisticamente informadas. O texto compara a repercussão da linguística no senso comum com a recepção de outras ciências. Na sequência, discute a cultura do erro que fundamenta a história normativa do português brasileiro. Por fim, defende um projeto coletivo de difusão de uma cultura linguística positiva que sustente um padrão flexível, contemplando usos variáveis relacionados a diferentes gêneros textuais da fala e da escrita.

GUEIROS, L.; VIEIRA, F. E. O que é Historiografia da Linguística? In: PEDROSA, J. L. R.; VIEIRA, F. E. (orgs.). Linguística e formação do professor de língua portuguesa: múltiplas orientações. João Pessoa: Editora UFPB, 2022. p. 173-193.
Este capítulo apresenta algumas das principais diretrizes do campo disciplinar Historiografia da Linguística (HL). O texto, de caráter introdutório, objetiva despertar no leitor o interesse pela área, cujos resultados de trabalho têm trazido contribuições importantes à compreensão do conhecimento sobre a linguagem e as línguas em sua dimensão histórica. Na primeira parte, discute-se a especificidade da HL nos estudos linguísticos e discorre-se sobre questões teórico-metodológicas que sustentam a investigação historiográfica; na segunda parte, são apresentadas ações de pesquisa em HL desenvolvidas pelo grupo "HGEL – Historiografia, Gramática e Ensino de Línguas".

VIEIRA, F. E.; DANTAS, T. N. A gramática escolar mais utilizada por professores de português no Cariri Ocidental da Paraíba. In: NUNES, C. B.; TAVARES, C. R. (orgs.). A língua em foco no Nordeste brasileiro: d'além das capitais. Campinas: Pontes Editores, 2021. p. 309-338.
Este capítulo apresenta parte dos resultados de um estudo em Linguística Aplicada, com foco no ensino de gramática e nos usos de instrumentos gramaticais no Cariri paraibano. O projeto, intitulado "A virada linguística nas gramáticas escolares de língua portuguesa" (2015-2016), foi coordenado por Francisco Eduardo Vieira. Este texto, em particular, busca responder às seguintes perguntas: quais são as gramáticas mais utilizadas nas escolas do Cariri da Paraíba? O que essas gramáticas entendem por “português” quando nomeiam a língua que descrevem/prescrevem? Essas obras consideram que aspectos morfossintáticos na descrição da língua dos brasileiros?

MARIS, M. O lugar da tradição gramatical nas práticas de análise linguística: refletindo sobre a concordância verbal na escola. In: SOUSA, A. S. et al. (org.). Linguagem e ensino: pesquisas e práticas pedagógicas. Caxias: EDUEMA, 2021. p. 154-168.
Este capítulo discute o apagamento e o deslocamento da tradição gramatical operados pelo modo como têm sido interpretados e implementados os fundamentos da chamada prática de análise linguística (cf. Geraldi, 2003; Mendonça, 2006). Para isso, resgata e amplia uma das análises que integram a dissertação de mestrado da autora (cf. Maris, 2016), utilizando como recorte o trabalho sobre concordância verbal desenvolvido por uma professora da rede municipal de Recife/PE numa turma de ensino fundamental. A partir das análises, questiona a dicotomia entre análise linguística e tradição gramatical e tece reflexões sobre o lugar da tradição gramatical na contemporaneidade.

SILVA, A. R. C.; VIEIRA, F. E. Mudança linguística e português do Brasil numa gramática escolar dos anos 1920. In: PEREIRA, R. C. M.; ALVES, G. Â. dos S.; LEITE, J. E. R. (orgs.). Pesquisas em Lingu ística: abordagens teóricas e aplicadas. João Pessoa: Editora UFPB, 2021. p. 245-259.
Este capítulo discute a abordagem da mudança linguística e do português do Brasil na Grammatica Portugueza: Curso Superior (1920), de João Ribeiro (1860-1934). A análise se fundamenta nas “camadas do conhecimento linguístico” (Swiggers, 2019), categorias teórico-analíticas que possibilitam investigar a complexidade dinâmica do conhecimento linguístico-gramatical por meio da observação de suas continuidades e rupturas. Busca-se compreender o contexto histórico da obra, sua visão geral sobre língua e gramática, a condução normativa envolvendo a apresentação de dados e técnicas de análise, e a natureza do exemplário gramaticográfico.

GUEIROS, L. A diversidade da tradição sociodiscursiva em discussões sobre ensino de português no Brasil (1970-1999): teorias, grupos e eixos privilegiados. In: COELHO, O. (org.). Fontes para a Historiografia Linguística: caminhos para a pesquisa documental. São Paulo: Pontes, 2021. p. 43-56.
Com base em análise documental e em interpretação historiográfica, este capítulo examina os efeitos da Tradição Sociodiscursiva (TSD) (Gueiros, 2019) na discussão sobre ensino de português promovida pela linguística brasileira entre as décadas de 1970 e 1990. O enfoque recai, especialmente em duas questões: (i) a caracterização da diversidade de empreendimentos teórico-metodológicos e de grupos de especialidade que orientam, no período, a discussão sobre ensino fundamentada pelas diretrizes da TSD; e (ii) os eixos de ensino de português privilegiados nessas reflexões pedagógicas.

FARACO, C. A. Bechara e os estrangeirismos. In: SANTOS, D. S.; BARBOSA, F. A.; HUE, S. (orgs.). O sentimento da língua: homenagem a Evanildo Bechara – 90 anos. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2020. p. 57-69.
O capítulo, escrito em homenagem aos 90 anos de Evanildo Bechara, faz uma discussão geral sobre gramática e léxico, revisita o olhar dos linguistas sobre estrangeirismos e apresenta as ideias de Bechara sobre o fenômeno, que se caracterizam pelas suas críticas aos puristas e pelo equilíbrio com que os analisa. Marco importante de sua postura analítica veio a público quando criticou, com sua reconhecida autoridade de filólogo e linguista, um projeto de lei proposto na Câmara dos Deputados, em 1999, que visava proibir o uso de estrangeirismos.

VIEIRA, F. E.; GUEIROS, L. Historiografia da Linguística e Ensino de Língua Portuguesa: da gramática tradicional à tradição sociodiscursiva. In: BATISTA, R. de O.; BASTOS, N. B. (orgs.). Questões em Historiografia da Linguística: homenagem a Cristina Altman. São Paulo: Pá de Palavra, 2020. p. 208-255.
O capítulo objetiva desenvolver e sistematizar algumas ideias para a compreensão: i) da reflexão derivada da tradição sociodiscursiva sobre o ensino de língua portuguesa no Brasil entre as décadas de 1970 e 1990; ii) das diretrizes epistemológicas da gramática tradicional às quais tal reflexão se opõe. Elaborada no âmbito do grupo de pesquisa HGEL — Historiografia, Gramática e Ensino de Línguas, a narrativa analisa como se constituem duas diferentes tradições a partir das quais são desenvolvidas reflexões teóricas e práticas sobre ensino de língua, numa história mais de deslocamentos do que de rupturas.